Poucos sabem, mas no século XVII
e início do século XVIII a humanidade não sabia identificar a longitude com
precisão. Naquela época as navegações eram a principal fonte de riqueza das
grandes economias mundiais, tais como Inglaterra, Espanha e França, além de
Portugal. As rotas eram variadas, a
necessidade de comércio para expansão era
imensa e a dificuldade se fazia presente a cada nova viagem. Relatos descritos em diários de bordo da época
traçam com precisão o ambiente de dúvida que pairava nos tripulantes de cada
embarcação durante as longas viagens.
Como o destino exigia a
cruzamento de fronteiras inimigas e o avistamento de estranhos significa quase fogo
à vista, os navios buscavam navegar longe das costas, o que lhes retirava a
referência da terra. Naquela época conhecia-se muito bem latitude
(distância entre um ponto qualquer e os polos),
de forma que um navegante podia indicar com precisão a distância em que o navio
se encontrava da linha do Equador, fosse ao sul ou ao norte. Entretanto, nenhuma
tecnologia da época era capaz de indicar com precisão se o marinheiro deveria -
ao atingir a latitude desejada - virar seu barco à esquerda ou à direita. Hoje
em dia, com o GPS, parece piada. Mas não era! Um capitão espanhol perdeu quase
80 homens quando equivocadamente - com um navio cheio de carga das Índias e
homens famintos - voltou seu navio para o lado contrário.
Após dias navegando em direção
contrária e com homens morrendo por escorbuto, decidiu dar volta atrás e
atingiu seu objetivo. Perdeu marinheiros, um pouco de seu orgulho e a parte da
gloria se dissipou. NA Marinha Britânica um incidente deu início a planos para
a descoberta da longitude: uma esquadra de 3 navios chocou-se contra uma rocha
por erro de cálculo da longitude em alto-mar. Neste episódio, conta-se que um marinheiro
- que realizava seus cálculos escondido dos demais, um ato ilegal e passível de
punição - alertou o comandante.
Por sua bravura, foi julgado,
condenado e enforcado naquele mesmo dia. Este avio, que vinha atrás dos outros
dois, livrou-se do choque completo e alguns marinheiros viveram para contar a
história que hoje conhecemos. Pois bem. Fartos de perderem bons marinheiros, embarcações
e, principalmente, as riquezas que eram trazidas das Índias e Américas, os
grandes reino promoveram uma verdadeira corrida em busca da longitude. Prêmios
foram oferecidos e muitos se candidataram. Haviam duas correntes científicas no
período: Os astrônomos (que eram a maioria no comitê criado para avaliar a
proposta dos candidatos), que defendiam a tese de que somente os
astros poderiam revelar a longitude. Sua tese se reforçava ao termos a latitude
indicada também por astros; os relojoeiros, que diziam que se um relógio fosse
preciso o bastante dentro do navio, seria possível calcular a longitude naquele
instante. Galileu Galilei tomou a frente entre os astrônomos. Descobriu a famosas
luas de Júpiter (motivo do tópico As Luas de Galileo fazem aniversário) percebeu
que as mesmas - em sua observação eram 4 luas, depois descobriu-se que são 7 -
percorriam uma trajetória perfeitamente previsível, o que permitiu elaborar uma
carta de eclipses das luas de Júpiter. Seu invento chamou muito a atenção de
todos, dada a engenhosidade, mas em alto-mar era difícil localizar com precisão
o planeta e ainda observar os eclipses.
O método, então, foi usado para demarcar
terras em solo firme, com uma fiabilidade de 100%. Galileu chegou a montar um
capacete para uso no navio, com uma luneta fixa em um olho e o outro lado
livre, mas a proposta não vingou para os fins desejados. Naquelas alturas, a
comoção nacional - melhor, mundial - era enorme. Todos clamavam por um gênio
que pudesse trazer a longitude para a humanidade. Eis que um marceneiro, com
muito gosto por relógios e que jamais cursou escola de horologia, resolveu
oferecer seu invento para o teste. Era um relógio esquisito, com um sistema que
o mantinha equilibrado mesmo em alto mar. As regras do concurso exigiam que um
relógio não poderia atrasar mais do que 2 minutos em toda a viagem. O relógio
de Harrison foi e voltou ao Caribe com menos de 30 segundos de atraso! O comitê
julgador, entretanto, composto em sua maioria por astrônomos, disse que haviam
falhas no projeto. Como era a melhor coisa que tinham diante de si e como o
autor disse que ainda poderia melhorar o invento, pagaram-lhe aproximadamente
10% do valor do prêmio e o intimaram a trazer um projeto mais consistente. Essa
história terminou décadas depois, com Harrison apresentando sucessivos relógios,
um mais preciso do que o outro, e a comunidade científica designada para a
avaliação mudava as regras a cada nova marca alcançada, com o intuito de não
aceitar sua vitória. Por fim, cientistas de toda parte reconheceram no H1, projetado
inteiramente por Harrison, como o primeiro instrumento capaz de demostrar com
exatidão a longitude.
horadaaula.com.br.
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