terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A DESCOBERTA DA LONGITUDE.


                 Poucos sabem, mas no século XVII e início do século XVIII a humanidade não sabia identificar a longitude com precisão. Naquela época as navegações eram a principal fonte de riqueza das grandes economias mundiais, tais como Inglaterra, Espanha e França, além de Portugal. As rotas  eram variadas, a necessidade de comércio para expansão  era imensa e a dificuldade se fazia presente a cada nova  viagem.  Relatos descritos em diários de bordo da época traçam com precisão o ambiente de dúvida que pairava nos tripulantes de cada embarcação durante as longas viagens.              
                    Como o destino exigia a cruzamento de fronteiras inimigas e o avistamento de estranhos significa quase fogo à vista, os navios buscavam navegar longe das costas, o que lhes retirava a referência da terra. Naquela época conhecia-se muito bem latitude (distância  entre um ponto qualquer e os polos), de forma que um navegante podia indicar com precisão a distância em que o navio se encontrava da linha do Equador, fosse ao sul ou ao norte. Entretanto, nenhuma tecnologia da época era capaz de indicar com precisão se o marinheiro deveria - ao atingir a latitude desejada - virar seu barco à esquerda ou à direita. Hoje em dia, com o GPS, parece piada. Mas não era! Um capitão espanhol perdeu quase 80 homens quando equivocadamente - com um navio cheio de carga das Índias e homens famintos - voltou seu navio para o lado contrário.  
                    Após dias navegando em direção contrária e com homens morrendo por escorbuto, decidiu dar volta atrás e atingiu seu objetivo. Perdeu marinheiros, um pouco de seu orgulho e a parte da gloria se dissipou. NA Marinha Britânica um incidente deu início a planos para a descoberta da longitude: uma esquadra de 3 navios chocou-se contra uma rocha por erro de cálculo da longitude em alto-mar. Neste episódio, conta-se que um marinheiro - que realizava seus cálculos escondido dos demais, um ato ilegal e passível de punição - alertou o comandante.
                 Por sua bravura, foi julgado, condenado e enforcado naquele mesmo dia. Este avio, que vinha atrás dos outros dois, livrou-se do choque completo e alguns marinheiros viveram para contar a história que hoje conhecemos. Pois bem. Fartos de perderem bons marinheiros, embarcações e, principalmente, as riquezas que eram trazidas das Índias e Américas, os grandes reino promoveram uma verdadeira corrida em busca da longitude. Prêmios foram oferecidos e muitos se candidataram. Haviam duas correntes científicas no período: Os astrônomos (que eram a maioria no comitê criado para avaliar a proposta dos candidatos), que defendiam a tese de que somente os astros poderiam revelar a longitude. Sua tese se reforçava ao termos a latitude indicada também por astros; os relojoeiros, que diziam que se um relógio fosse preciso o bastante dentro do navio, seria possível calcular a longitude naquele instante. Galileu Galilei tomou a frente entre os astrônomos. Descobriu a famosas luas de Júpiter (motivo do tópico As Luas de Galileo fazem aniversário) percebeu que as mesmas - em sua observação eram 4 luas, depois descobriu-se que são 7 - percorriam uma trajetória perfeitamente previsível, o que permitiu elaborar uma carta de eclipses das luas de Júpiter. Seu invento chamou muito a atenção de todos, dada a engenhosidade, mas em alto-mar era difícil localizar com precisão o planeta e ainda observar os eclipses.
             O método, então, foi usado para demarcar terras em solo firme, com uma fiabilidade de 100%. Galileu chegou a montar um capacete para uso no navio, com uma luneta fixa em um olho e o outro lado livre, mas a proposta não vingou para os fins desejados. Naquelas alturas, a comoção nacional - melhor, mundial - era enorme. Todos clamavam por um gênio que pudesse trazer a longitude para a humanidade. Eis que um marceneiro, com muito gosto por relógios e que jamais cursou escola de horologia, resolveu oferecer seu invento para o teste. Era um relógio esquisito, com um sistema que o mantinha equilibrado mesmo em alto mar. As regras do concurso exigiam que um relógio não poderia atrasar mais do que 2 minutos em toda a viagem. O relógio de Harrison foi e voltou ao Caribe com menos de 30 segundos de atraso! O comitê julgador, entretanto, composto em sua maioria por astrônomos, disse que haviam falhas no projeto. Como era a melhor coisa que tinham diante de si e como o autor disse que ainda poderia melhorar o invento, pagaram-lhe aproximadamente 10% do valor do prêmio e o intimaram a trazer um projeto mais consistente. Essa história terminou décadas depois, com Harrison apresentando sucessivos relógios, um mais preciso do que o outro, e a comunidade científica designada para a avaliação mudava as regras a cada nova marca alcançada, com o intuito de não aceitar sua vitória. Por fim, cientistas de toda parte reconheceram no H1, projetado inteiramente por Harrison, como o primeiro instrumento capaz de demostrar com exatidão a longitude.
 
horadaaula.com.br.  
 
 
 

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